A indústria têxtil está presente em diversos setores da economia brasileira e é de fundamental importância para a composição de vários produtos. São tecidos, fios e linhas, entre outras, que compõem uma grande gama de produtos e soluções têxteis para as mais diferentes utilizações. Entre os setores que mais demandam dos têxteis está, por exemplo, a indústria automobilística. Cerca de 45% dos materiais no interior dos automóveis é composto de produtos têxteis.
Francisco José Ferraroli dos Santos, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Fibras Artificiais e Sintéticas (ABRAFAS), acredita que as fibras artificiais e sintéticas deram novos ares à indústria têxtil. “Essas fibras trouxeram novos horizontes aos têxteis, principalmente ao uso de novas tecnologias através das fibras químicas”, afirmou. A ABRAFAS foi criada em 1968 como entidade representativa dos produtores de fibras manufaturadas, é quem congrega as empresas envolvidas na produção, transformação e comercialização de fibras artificiais e sintéticas, responsáveis pela quase totalidade do valor global da produção dessas fibras no país.
Outra importante participação da indústria têxtil nesse setor da economia fica no interior dos automotivos. São revestimentos de bancos, carpetes, estofamentos, cintos de segurança, costuras, linhas, cortes e os air bags. A costura dos bancos e os tecidos são desenvolvidos para suportar movimentos bruscos, altas temperaturas, sempre preocupados com dois fatores principais, que são a durabilidade da costura e do tingimento aplicados a essas peças. Para a produção automotiva, são desenvolvidos produtos têxteis altamente tecnológicos, que atendem aos padrões mundiais de qualidade.
Para Sylvio Napoli, gerente de infraestrutura e capacitação tecnológica do Sinditêxtil-SP, o setor automotivo é um dos grandes fatores que incentivam o desenvolvimento tecnológico da indústria têxtil. “Hoje, a tecnologia têxtil avança muito no sentido de tecidos automotivos, que é o nicho de produção mais importante em agregação de valor em aspectos de nanotecnologia. A preocupação com repelência de odores, água, mofo ou qualquer aspecto que degrade o interior dos automóveis é desenvolvido minuciosamente para aquele determinado fim”, afirmou o gerente. “E não só isso, o mercado pede maior tecnologia e durabilidade e a indústria têxtil atende com exatidão essa demanda”, acrescentou.
“Essas empresas fabricantes de artigos para a indústria automotiva estão concentradas no Estado de São Paulo, o que mostra a importância da participação paulista para o mercado interno têxtil e no desenvolvimento do setor em âmbito nacional. A força da indústria paulista é a grande alavanca do nosso setor”, afirma Rafael Cervone Netto, presidente do Sinditêxtil-SP. “Representamos 30,5% do PIB têxtil nacional, a maior fatia do mercado”, complementa.
A produção de Air Bags impulsionando têxteis
A indústria têxtil brasileira ganhou uma nova frente de trabalho, tanto na produção quanto no desenvolvimento tecnológico com a aprovação pela Câmara dos Deputados, em Brasília, o Projeto de Lei número 1825/07, que tornou obrigatória a instalação de “air bags” em carros novos e veículos importados no Brasil. A lei começou a vigorar em março de 2014 e torna obrigatório que os veículos saiam de fábrica com os “air bags” dianteiros e com freios ABS.
Segundo um estudo do instituto de segurança dos EUA, o dispositivo de segurança diminui em 59% o risco de ferimento nos acidentes de colisão frontal. Entretanto, os “air bags” instalados nos carros brasileiros eram em sua totalidade importados.
Para Renato Boaventura, diretor de negócios de fibras da Rhodia, o Brasil já possui tecnologia nacional que atende aos padrões mundiais de produção do equipamento de segurança. “Já desenvolvemos os fios que fazem a costura da bolsa de ar e esses fios são tão bons e resistentes quanto os importados”, comentou o diretor. O fio para costura do “air bag” é de poliamida 66.
Sylvio Napoli, gerente de infraestrutura e capacitação tecnológica do Sinditêxtil-SP, acredita no potencial tecnológico da indústria têxtil paulista e em sua grande força para o fomento de novas áreas de participação econômica. “Há alguns anos participo da indústria têxtil, principalmente paulista, e sei que aqui temos material e tecnologia para entrar de cabeça nesse novo mercado, embasados com anos de constante desenvolvimento e inovação, a fim de posicionar toda a cadeia têxtil nacional”, afirmou o gerente.
Fonte: Sinditextil